quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Padre Nicola Bux: “O rito romano antigo não é uma excepção”

Entrevista conduzida por Bruno Volpe ao Padre Nicola Bux, professor de teologia sacramentária, especialista em liturgia e um colaborador próximo do Papa Bento XVI.

Padre Nicola, o rito romano antigo é uma excepção?

Não é isso que diz o Motu Próprio do Papa Bento XVI, Summorum Pontificum. Aliás, no texto lê-se explicitamente que os dois ritos têm igual dignidade. Quem o diz é o Papa, não eu. Portanto, considerando o documento, não podemos dizer que seja uma excepção, a não ser que queiramos chegar a uma conclusão que seja contrária ao documento do Papa.

Então de onde surge este dito carácter de “excepção”?

Não sei. Provavelmente estamos ao nível das interpretações, mas que no entanto não encontram confirmação, como dizia, no documento do Papa Bento XVI, que é a base textual.

Sobre o rito romano antigo: muitos jovens nos últimos anos estão a aproximar-se com interesse. Porquê?

Posso confirmar que existe um renovado interesse, especialmente entre os jovens. Creio que isto dependa do facto de ser precisa mística, que é uma qualidade que o rito antigo tutela e encoraja, pela própria maneira como é estruturado. Claro, é preciso dizer que este rito não tem nem o monopólio da mística e que também no rito antigo é possível celebrar desleixadamente.

Quanto à homilia, podemos dizer que se trate de um discurso “político”, como disse o Papa Francisco?

Esta definição parece-me ambígua e é preciso dar-lhe mais precisão. Se nos estamos a referir a, depois de comentar as leituras do dia, evocar factos da actualidade e da vida concreta, é lícito falar de política. Isto é, se colocarmos as leituras na vivência dos nossos dias. No entanto, a homilia não deve entrar agressivamente na vida política no sentido da luta dos partidos. Isso não. 

Enquanto Teólogo: Existem castigos divinos, isto depois da polémica desenrolada pelo Padre Cavalcoli?[1]

Nas Sagradas Escrituras, tanto no Antigo como no Novo Testamento, encontramos vários momentos onde falamos abertamente de castigos de Deus. No Evangelho, por exemplo, temos o episódio da Torre de Siloé e os massacres de Pilatos. A síntese que temos é esta: “se não vos converterdes perecereis todos da mesma maneira”. 

Uma calamidade natural ou um acto violento feito por homens não é visto necessariamente como um castigo pelo pecado, também porque se pode abater sobre pessoas inocentes, mas antes como uma advertência para nos convertermos. Como dissera Jesus, o Pai faz chover sobre os bons e sobre os maus. A questão é que muitos hoje pensam que Deus, se existe, não tem nada a ver com a vida, mesmo se depois estão prontos a lamentar-se quando vem uma catástrofe, perguntando-se onde estava Deus.

in lafedequotidiana.it


[1] Nota do editor: Depois dos terramotos de Itália deste ano, o Padre Cavalcoli foi duramente criticado por interpretar os acontecimentos enquanto castigo divino pelas políticas contrárias à lei natural adoptadas pelo país.


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