segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Ele há coisas inacreditáveis - Pe. Nuno Serras Pereira

1. Quando cursei teologia na Universidade Católica (UCP) tive, pelo quarto ou quinto ano, já lá vão 25 anos, como professor de Moral Social um Sacerdote pertencente a uma Ordem Religiosa. Todas as aulas foram dedicadas a uma crítica impiedosa, implacável e imbecil da Doutrina Social da Igreja. Para garantir que nada perderíamos da sua “sublime erudição” atirou-nos ameaçadoramente com uma grossa sebenta de umas trezentas páginas, em jeito de aviso de que quem não soubesse o conteúdo daquilo não teria hipóteses de passar no exame. À maneira de quem quer justificar-se da enormidade, perante si mesmo e os outros, aconselhou, sem convicção, a leitura das Encíclicas sociais dos Papas, sabendo perfeitamente que não iríamos ter tempo de as ler. Uns dois anos antes, deixem-me recordar como se fora um parêntesis, um outro professor, que aliás muito estimo, tinha passado as duas primeiras aulas a dar-nos bibliografia para a sua cadeira, escrevinhando na escura ardósia as referências de cento e cinquenta livros. 

No final, disse-nos para não nos preocuparmos porque de leitura obrigatória eram somente quinze… Quinze livros inteiros para uma só cadeira trimestral! Pois!... O que vale é que nós, os alunos, nos persuadimos, não tanto por crença, mas por conveniência de que era um extra-terrestre e que o melhor seria ignorá-lo. Mas enfim estas excentricidades têm a vantagem de nos concederem histórias divertidas para contar aos mais novos. Dizia que tínhamos um professor de Moral Social que não sintonizava com a Igreja (sentire cum ecclesia). Ora este Sacerdote dirigiu também um seminário sobre a homossexualidade para uns catorze ou quinze alunos que tentou doutrinar em desacordo total com a Verdade que a Igreja anuncia e comunica. Quis ele, insistentemente, que aceitássemos o “casamento” entre pessoas do mesmo sexo. Todos nos recusámos, repetidamente. Não obstante a nossa desconformidade tentou ainda, por todos os meios ao seu alcance, que essa aceitação constasse das conclusões finais. Opusemo-nos com veemência e recusámo-nos a ceder. Apesar disso, o texto final continha algumas coisas que eu então considerei e ainda considero inaceitáveis – foi uma redacção de compromisso, em virtude das posições de alguns alunos. Mas todos, repito, todos, repugnámos firmemente o “casamento” entre pessoas do mesmo sexo.

O Magno Chanceler da UCP é o Cardeal Patriarca de Lisboa e ali são formados os futuros Sacerdotes que irão pastorear as almas, o povo de Deus. Não é possível, por isso, deixar não só de estranhar mas de se indignar com tamanha leviandade para não dizer cumplicidade com as forças malignas. E será caso para nos interrogarmos se passados tantos anos as coisas não terão piorado acompanhando a degeneração e a corrupção dos tempos e da sociedade em que vivemos.

Infelizmente, segundo o testemunho de alguns Sacerdotes sobre confrades seus, parece que as coisas se agravaram. Não só por haver Padres que não vêem problema algum no enlace entre sodomitas, mas também porque alguns deles acompanham grupos de homossexuais activos e militantes que se auto-proclamam católicos celebrando-lhes Missa e dando-lhes a Sagrada Comunhão, como se não vivessem objectivamente em pecado mortal. Em vez de procurarem convertê-los, confirmam-nos no seu erro e favorecem o seu pecado nefando. Em Lisboa, por exemplo, há pelo menos dois desses agrupamentos; um, até há pouco, orientado por um sacerdote religioso, e o outro por um diocesano ou secular, com muito nome, publicitação e promoção.

Não me compete a mim pedir responsabilidades aos Senhores Bispos e aos restantes Prelados pelo estado lastimoso a que isto chegou. Fá-lo-á o Santo Padre, caso lhe chegue ao conhecimento. Se não, Deus encarregar-se-á disso, nem que seja no Juízo escatológico. Mas posso perguntar-me a mim mesmo, até que ponto está a Igreja em Portugal pronta e preparada, com alguns (quantos serão?) Pastores assim, para formar as consciências, educar os fiéis e mobilizá-los. Como estará o povo, se assim se encontra favorável ou indiferente uma quantidade não negligenciável dos seus Pastores?


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6 comentários:

mvs disse...

Escandaloso!!

Anónimo disse...

Admiro o Padre Nuno, mas ele e todos sabem que nenhum bispo nem o Papa farão nada para pôr cobro à situação. Anunciam a doutrina, mas abandonam completamente quem a quer cumprir. Se eles estivessem preocupados, acham que os que ensinam tais matérias ainda estariam na Universidade Católica? Eeles sabem muito bem que nada lhes acontece.

Anónimo disse...

É imprssionante! Mas a Fac. de Teol. (pelo menos a de Lisboa, tanto quanto sei) continua a passar pelas grandes dificuldades já enunciadas. E não é uma questão ou outra, ainda que grave. É um problema profundo e de fundo da grande maioria daqueles professores que não ensinam a Doutrina Católica, antes contentam-se a inventar "doutrinas" diferentes da de Cristo.

Antónimo disse...

Também me chegou aos ouvidos há algum tempo que a FT da UCP padece de alguns desequilíbrios estruturais.

No entanto, isso não se compadece com os juízos efectuados acerca do Cardeal Patriarca. O Padre Pio já nos ensinou que devemos amar de forma ainda mais intensa os nossos bispos, do que os padres.

Gostava que o Pe. Nuno Serras Pereira procurasse e desse primazia, com muita preserverança, à resolução destes problemas da forma mais discreta possível. E, de caminho, que evitasse tecer considerações acerca do destino eterno de quem quer que seja sobretudo porque, se não me equivoco, apenas sabemos que Jesus Cristo e Nossa Senhora se encontram nos Céus. Os demais... sabe Deus.

Anónimo disse...

«Devemos amar de forma ainda mais intensa os nossos bispos, do que os padres».
Ouvi bem?
Que se ame os bispos, rezando por eles, tudo bem. Mas mais que os padres porquê?
Acresce que são eles, os bispos, os grandes responsáveis por esta situação. Querendo, eles podem-na resolver.
Quando ao Padre Nuno ser mais discreto, o que é que se ganharia com isso?
Certamente que ele já tentou fazer o que devia junto das entidades próprias. Mas quando as coisas são discretas, o mais certo é ficarem na penumbra. E o povo de Deus tem o direito à verdade.
Infelizmente, enquanto a pedofilia não foi tornada pública, nada se fez.
Concordo com o Padre Nunno, só que, mesmo assim, tudo vai continuar igual. Mas, ao menos, há sensibilidade.
A defesa de uma certa discreção soa-me a conivência com o mal.

Inês disse...

discrição, sr. anónimo