sábado, 29 de maio de 2010

Grande Padre Vasco Pinto Magalhães

O título mais exacto do comentário que se segue seria “A pirueta da triste figura”. Senti um arrepio, quase vómito, quando acabei de ouvir o Prof. Cavaco Silva. Que vergonha, senti. Por ele, claro. E pelo país. Assim ficou para a história como o padrinho (the best man) dos homossexuais, por incoerência da sua decisão, quando poderia ter passado à História como alguém que sem disfarce piedoso e paternalista segue as suas convicções, independente de votos e oportunismos. Seria bem preferível que, sem mais, tivesse promulgado o tal “casamento”, porque sim, porque assim o achava. 

Mas vir dizer a todo um país que ele pensou bem e não está de acordo e deu provas disso, que há outros modos e figuras jurídicas para o caso que são seguidas nos países que ninguém se atreve a chamar de atrasados; mais, que só uma minoria na Europa assumiu esta forma e, depois, num salto mortal, conclui ao contrário e promulga! O dito por não dito. Claro, arranjou duas “razões”. Falsas. E uma delas é ofensiva da dignidade e inteligência de um povo: estamos tão em crise e tão miseráveis que não nos podemos distrair com este tipo de debates! 

Ora, estes temas humanos é que são sérios, até porque a verdadeira crise é de valores. O Senhor Presidente pode ter a certeza de que o povo, “na sua menoridade” o que vai discutir é sobre futebol em África e o campeonato do Mundo. A outra razão também é “enorme”! A Assembleia vai aprovar outra vez e já não será possível vetá-lo. Pois não seria, se não houvesse outras coisas a fazer. Até dissolver a Assembleia seria possível. Aliás ninguém pode garantir em absoluto que uma lei passe (ou não) e que não haja mudanças de opinião, sobretudo quando a maioria não está assim tão garantida! De facto, usar tal argumento e agir assim com tal pirueta é como se alguém dissesse “vou-me suicidar porque é certo que dentro de algum tempo morrerei”.

Eis aqui um exemplo de um mau discernimento, do que é deixar-se levar pelas aparências de bem, do que é não clarificar nem assumir as verdadeiras motivações e arranjar “boas” razões, saídas airosas para proteger as próprias conveniências. Enfim, não se podem julgar as pessoas, mas as piruetas, sim.


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6 comentários:

f.braga disse...

agora já gostas!

Aníbal búrdia disse...

na mouche! Cavaco tornou-se na vergonha de Portugal inteiro.

Anónimo disse...

Não concordo nada, nada...
O exemplo do Presidente Cavaco Silva enquanto cristão é irrepreensível! Valoriza a instituição família e os valores que lhe estão associados. Sabe Deus o que lhe custou assinar a lei... essa e outras. Com tanta nódoa na Igreja ainda conseguem apontar o dedo???!!!! Perdoai-lhe, Senhor que não sabem o que fazem!

O Cardeal Patriarca é que fez uma
figurinha triste. Mas não é a primeira nem vai ser a última se Deus quiser.

Antónimo disse...

Se Cavaco é cristão, este é o único exemplo que se lhe conhece. O que está em causa é Cavaco enquanto PR e nada mais. Uma desgraça. Permitiu que uma despenalização do aborto se transformasse num incentivo ao mesmo (15 dias de férias pagas pelo estado a quem faça um e cartazes afixados em todas as maternidades) e agora baixa as calças ao lobby gay. Do ponto de vista católico, Cavaco assinou a lei como Pôncio Pilatos lavou as mãos: argumentou muito mal e deixou-se levar por aqueles que mais o importunavam.

A Igreja é a única entidade no mundo que faz alguma coisa para lavar as suas nódoas, ou mais alguma instituição pede desculpa pelos seus erros? Nunca vi o PS pedir desculpa pelos seus, nem a RTP, por exemplo.

A figurinha triste do Cardeal foi a de não ter sido mais contundente perante o apadrinhamento do PR à destruião legal do casamento? O Cardeal foi traído como todos os portugueses que viram o chefe de estado andar de braço dado com o Papa e depois, quando ele se vai embora, fazer tábua raza de tudo o que Bento XVI lhe disse em relação ao empenhamento dos cristãos na política. Fica também a ideia que quando o PSD voltar ao governo não vai alterar a lei.

Nem Cavaco nem Sócrates perceberam que são precisos dois para dançar o tango, sim, mas um homem e uma mulher.

Começam a deixar de existir diferenças entre Cavaco e Manuel Alegre, excepto na coerência, em que este último vai levando a melhor.

João Silveira disse...

Acabei de mandar este mail para a presidência da república:

"O senhor presidente é um traidor e um cobarde. Estou profundamente arrependido de o ter apoiado e votado em si. Não cometerei o mesmo erro outra vez.

Com os melhores cumprimentos."

João Silveira disse...

Francisco, sempre gostei muito