domingo, 21 de março de 2010

Texto de Marcello Pêra: filósofo agnóstico e senador italiano

A questão dos padres pedófilos e homossexuais que surgiu recentemente na Alemanha, tem como alvo o Papa. Cometer-se-ia, no entanto, um grave erro se pensássemos que o golpe não conseguiria atingir o alvo, dada a enormidade da iniciativa. E seria um erro maior ainda se se considerasse que a questão será rapidamente ultrapassada, como tantas outras. Não é assim. Está em curso uma guerra. Não apenas contra a pessoa do Papa porque, nesse campo, a guerra é impossível. Bento XVI tornou inexpugnável na sua imagem, na sua serenidade, na sua limpidez, firmeza e doutrina. Basta o seu sorriso manso para derrotar um exército de adversários.

Não, a guerra é entre o laicismo e o cristianismo. Os laicistas sabem que se um esguicho de lama atingir a batina branca, conseguir-se-á sujar a Igreja e, se se sujar a Igreja, então ter-se-á também sujado a religião cristã. É por isso que os laicistas acompanham a sua campanha com perguntas como: "Quem mandará ainda as suas crianças à Igreja?", ou, "quem mandará ainda os seus filhos para um colégio católico?", ou mesmo, ainda, "quem irá tratar os seus filhos num hospital ou clínicacatólica? ". Há alguns dias atrás, um laicista deixou escapar a sua intenção. Escreveu assim: "a extensão da difusão do abuso sexual de crianças por padres põe em causa a própria legitimidade da Igreja Católica, como garante da educação dos mais pequeninos." Não importa que esta sentença não tenha provas e esteja cuidadosamente escondida sob a fórmula "extensão da difusão": um por cento de padres pedófilos? Dez por cento? Todos? Não importa que a sentença seja desprovida de lógica: basta substituir "sacerdotes" por "professores", ou por "políticos", ou por "jornalistas" para "minar a legitimidade" das escolas públicas, dos parlamentos ou da imprensa. O que importa é a insinuação, mesmo à custa da grosseria do argumento: os padres são pedófilos, assim a Igreja não tem autoridade moral, logo a educação católica é perigosa, pelo que cristianismo é uma fraude e um perigo.

Esta guerra do laicismo contra do cristianismo é uma batalha campal. Deve-se trazer à memória o nazismo e o comunismo para encontrar uma situação similar. Mudam os meios mas o fim é o mesmo. Hoje, como ontem, o que se pretende é a destruição da religião. Na altura a Europa pagou o preço por esta fúria destrutiva com a sua própria liberdade. É incrível que, especialmente na Alemanha, enquanto se bate continuamente com a mão no peito devido à memória do preço que se infligiu por toda a Europa, na Alemanha que hoje é uma democracia, se esqueça e não se entenda que a própria democracia estaria perdida se o cristianismo fosse apagado. A destruição da religião comportou então a destruição da razão. E hoje não significará o triunfo da razão laica, mas uma nova barbárie. Sobre o plano ético aí está a barbárie de quem mata um feto porque a sua vida seria prejudicial para a saúde psíquica da sua mãe. De quem diz que um embrião é um "monte de células" bom para experiências cientificas. De quem mata um velho porque ele já não tem uma família que o trate. De quem apressa o fim de um filho porque não está consciente e é incurável. De quem pensa que "progenitor A" e "progenitor Pai B" é o mesmo que "pai" e "mãe". De quem acredita que a fé é como o cóccix, um corpo que já não participa na evolução porque o homem não já não precisa da cauda e está erecto por si mesmo. E por aí adiante. Ou então, e considerando o lado político da guerra dos laicistas ao Cristianismo, a barbárie será a destruição da Europa. Porque, abatido o cristianismo, permanecerá o multiculturalismo, que acredita que cada grupo tem direito à sua cultura. O relativismo, que pensa que cada cultura é tão boa quanto qualquer outra. O pacifismo, que nega que o mal existe.

Esta guerra ao cristianismo não seria tão perigoso se os cristãos a compreendessem. Em vez disso, todas estas incompreensões envolvem muitos deles. Teólogos frustrados pela supremacia intelectual de Bento XVI. Bispos inseguros que consideram que qualquer compromisso com a modernidade é o melhor modo de actualizar a mensagem cristã. Cardeais, em crise de fé, que começam a sugerir que o celibato dos sacerdotes não é um dogma, e que talvez fosse melhor reconsiderá-lo. Intelectuais católicos felpudos que pensam que há uma questão feminina dentro da Igreja e um problema não resolvido entre o cristianismo e sexualidade. Conferências episcopais que se enganam na ordem do dia e que, enquanto esperam por uma politica de fronteiras abertas para todos, não têm a coragem de denunciar as agressões que os cristãos sofrem e as humilhações que são forçados a provar ao serem todos, indiscriminadamente, sentados no banco dos réus.

Ou ainda aqueles chanceleres vindos dos países de leste que exibem um belo ministro homossexual enquanto atacam o Papa sobre qualquer assunto de natureza ética,ou aqueles que nasceram no ocidente e que pensam que o ocidente deve ser laico, isto é, anti-cristão. A guerra dos laicistas continuará, senão por outra razão porque um Papa como Bento XVI, que sorri mas que não se afasta um milímetro, a alimenta. Mas se se perceber porque é não se afasta, então toma-se o assunto em mãos e não se espera o próximo golpe. Quem se limita unicamente a solidarizar-se com ele é como alguém que entra no Jardim das Oliveiras de noite e em segredo, ou como alguém que não entendeu o que está a acontecer.


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6 comentários:

Antónimo disse...

Acho interessante que apenas a Igreja tenha sido a única entidade a pedir desculpas publicas por actos de pedofilia cometidos pelos seus ministros.
Tenho pena que o governo português não tenha pedido desculpas pelos actos de pedofilia cometidos por um dos seus poucos ministros.
Tenho pena que o secretario geral do PS não tenha pedido desculpas pelas actos de pedofilia cometidos por alguns dos seus filiados.
Tenho pena que a RTP não tenha pedido desculpas pelos actos de pedofilia cometidos por um dos seus apresentadores que, mais a mais, vendia produtos para crianças relacionados com um dos seus antigos concursos.
Tenho pena que os chefes de estado portugueses não tenham pedido desculpas pelos actos de pedofilia cometidos por centenas de cidadãos nacionais.

João Silveira disse...

Bem visto!

Anónimo disse...

Desculpem?
O que nao tem perdão possivel é a igreja condenar os casamentos gays e depois andarem a abusar de miudos tanto sexualmente como a darem-lhes porrada.

Isto é uma grande hipocrisia, os representantes de Deus(?) condenarem a homosexualidade e depois serem pedofilos.

Outra grande estupidez é o celibato dos padres. Deixem os homens casarem-se e terem sexo, pode ser que menos crianças sofram.
Como é que um homem ou mulher conseguem controlar as hormonas?
Toda a gente gosta de sexo, ate Jesus gostava provavelmente, porquê nao deixar os padres terem as mulheres que querem?

Nao faz sentido, nao faz e é uma parvoice so porque alguem decidiu ser assim.

Voces sao catolicos e ja estao a ver conspiraçoes contra o Papa.
Nao é conspiraçoes, a igreja é mesmo assim, peca tanto como o comum dos mortais.

No vaticano ja vi padres completamente agarrados a vicios, fumam, bebem, etc.
Nao representam nada de novo.
A ciencia aos poucos la acaba por vencer as teorias.

Tenham dó e vergonha, isto sao factos, os padres, muitos padres e mais aqueles que nao temos conhecimentos, abusam de miudos inocentes criando um trauma que nunca mais vai passar.

Curioso tambem é ver o Vaticano a tentar abafar estes casos, em vez de condenarem logo os pedofilos. Nao, preferem fazer a figurinha que os governos fazem e juntam-se a conspiraçoes.

Rezem voces todos por esses padres.

A igreja so perde e continua a perder crentes, apenas porque tanto os seus actos ao longo da historia como a ciencia, vem mostrar que de nada a vale tanta teoria barata

João Silveira disse...

Caro anónimo, vamos por pontos:

- não são os padres que condenam a sodomia, vulgo homossexualidade, é a doutrina da Igreja;
- essa doutrina condena também, e veementemente a pedófilia;
- a ideia de que o fim do celibato é o remédio mágico para o fim de qualquer tipo de abusos de crianças mostra que está mal informado, sugiro uma busca no Google;
- “Como é que um homem ou mulher conseguem controlar as hormonas?” Fazendo uso da a razão e a força de vontade, algo que nos distingue dos restantes animais;
- “Voces sao catolicos e ja estao a ver conspiraçoes contra o Papa.” Este texto não foi escrito por um católico, mas sim por um filosofo agnóstico, como foi referido;
- “No vaticano ja vi padres completamente agarrados a vicios, fumam, bebem, etc.” Fumar não é pecado, beber (alcool também não, a não ser que seja em excesso). Mas já agora o que é que isso tem a ver com o caso?
- “Tenham dó e vergonha, isto sao factos, os padres, muitos padres e mais aqueles que nao temos conhecimentos, abusam de miudos inocentes criando um trauma que nunca mais vai passar.” Cada padre que tenha tido esse tipo de comportamento é um padre a mais em relação aos que deviam ter tido. Mas em 10 anos temos 10 padres indiciados, nem sequer acusados foram, e que eu saiba num estado de direito as pessoas são inocentes até prova em contrário.
- “Curioso tambem é ver o Vaticano a tentar abafar estes casos, em vez de condenarem logo os pedofilos.” Pode dar exemplos concretos?
- “A igreja so perde e continua a perder crentes,” Começámos com 12, por isso tudo o que vier é lucro.

ISABEL disse...

Isabel.Rezo também por você meu rapaz, que não tem nem peito de identificar-se, mesmo achando-se dono da verdade.Você não pode condenar nem um pedófilo, muito menos a igreja por causa de alguns padres pedófilos.E sua analogia de que menos crianças sofreriam se os padres não tivEssem obediência à castidade é tão barata quanto infundada.Pois, se assim fosse a maior porcentagem de pedofilia não se daria dentro das famílias com os próprios pais, tios, irmãos etc.Sinto muita compaixão por ainda não ters encontrado O VERDADEIRO CAMINHO, a Verdadeira Verdade que é o Amor de Cristo JESUS.Caminho o qual Ele mesmo ensinou.E é uma VERDADE, que quando não cremos verdadeiramente em seu poder, nos tornamos derrotados por nossas próprias fraquezas, nossas vaidades e concupiscêcias.E uma vez NOS achando derrotados, passamos a defender aquilo que nos destrói achando que assim vamos nos compensar.E como guerreiros acovardados, passamos para o lado do invasor.E nos achamos donos de meias verdades, e mascarados por elas nos deixamos vencer pelo pecado.SÓ PELO FATO DE SERMOS HOMENS E MULHRES SEM FÉ.E TER FÉ SIGNIFICA TRILHAR, TAMBÉM,O CAMINHO DA DOR.E CEGOS NÃO PERCEBEMOS, QUE PIOR DOR NOS TRAZ AS CONSEQUÊNCIAS DO PECADO.QUE DEUS CURE E LIBERTE A TODOS NÓS, QUE ESTAMOS LONGE DE ENTENDERMOS O VERDADEIRO AMOR DE DEUS.AMÉM.

ISABEL disse...

Isabel.Rezo também por você meu rapaz, que não tem nem peito de identificar-se, mesmo achando-se dono da verdade.Você não pode condenar nem um pedófilo, muito menos a igreja por causa de alguns padres pedófilos.E sua analogia de que menos crianças sofreriam se os padres não tivEssem obediência à castidade é tão barata quanto infundada.Pois, se assim fosse a maior porcentagem de pedofilia não se daria dentro das famílias com os próprios pais, tios, irmãos etc.Sinto muita compaixão por ainda não ters encontrado O VERDADEIRO CAMINHO, a Verdadeira Verdade que é o Amor de Cristo JESUS.Caminho o qual Ele mesmo ensinou.E é uma VERDADE, que quando não cremos verdadeiramente em seu poder, nos tornamos derrotados por nossas próprias fraquezas, nossas vaidades e concupiscêcias.E uma vez NOS achando derrotados, passamos a defender aquilo que nos destrói achando que assim vamos nos compensar.E como guerreiros acovardados, passamos para o lado do invasor.E nos achamos donos de meias verdades, e mascarados por elas nos deixamos vencer pelo pecado.SÓ PELO FATO DE SERMOS HOMENS E MULHRES SEM FÉ.E TER FÉ SIGNIFICA TRILHAR, TAMBÉM,O CAMINHO DA DOR.E CEGOS NÃO PERCEBEMOS, QUE PIOR DOR NOS TRAZ AS CONSEQUÊNCIAS DO PECADO.QUE DEUS CURE E LIBERTE A TODOS NÓS, QUE ESTAMOS LONGE DE ENTENDERMOS O VERDADEIRO AMOR DE DEUS.AMÉM.